Câncer Urológico

CÂNCER DE PRÓSTATA



CÂNCER DE PRÓSTATA

A próstata é uma glândula que só o homem possui e que se localiza na parte baixa do abdômen. Ela é um órgão muito pequeno, tem a forma de maçã e se situa logo abaixo da bexiga e à frente do reto. A próstata envolve a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada. A próstata produz parte do sêmen, líquido espesso que contém os espermatozoides, liberado durante o ato sexual.
O câncer de próstata e a neoplasia maligna mais comum no homem brasileiro após os tumores de pele não-melanomas. Geralmente cresce lentamente e permanece inicialmente confinado à próstata, sem causar danos graves. Enquanto alguns tipos de câncer de próstata crescem lentamente e podem necessitar de tratamento mínimo ou apenas acompanhamento, outros tipos podem ser agressivos e se espalhar rapidamente pelo corpo (metástases). O câncer de próstata que é detectado precocemente, ou seja, quando ele ainda está confinado à próstata, tem maiores chances de cura e de sucesso do tratamento.

Sintomas
O câncer de próstata normalmente não causa sinais ou sintomas em seus estágios iniciais. Câncer de próstata em estágios mais avançadas podem provocar alguns sinais e sintomas, tais como:
- Dificuldade para urinar
- Diminuição da força no fluxo de urina
- Sangue no sêmen
- Desconforto na região pélvica
- Dor óssea
É importante salientar que muitos destes sintomas urinários também são encontrados em pacientes com doenças benignas da próstata, como a hiperplasia prostática benigna. Portanto, caso esteja com algum destes sintomas, procure o urologista para maiores esclarecimentos.

Os fatores de risco para desenvolver o Câncer de Próstata são:
• A idade é um fator de risco importante, uma vez que tanto a incidência quanto a mortalidade aumentam significativamente após os 50 anos;
• Pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos, podendo refletir tanto fatores genéticos (hereditários) quanto hábitos alimentares ou estilo de vida de risco de algumas famílias;
• Excesso de gordura corporal aumenta o risco de câncer de próstata avançado;
• Raça negra - Os homens negros têm um risco maior de desenvolver câncer de próstata do que os homens de outras raças. Em homens de raça negra, o câncer de próstata também pode ser mais agressivo ou diagnosticado em estágios mais avançados. Ainda não está claro por que isso acontece.
• Exposições a aminas aromáticas (comuns nas indústrias química, mecânica e de transformação de alumínio) arsênio (usado como conservante de madeira e como agrotóxico), produtos de petróleo, motor de escape de veículo, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), fuligem e dioxinas estão associadas ao câncer de próstata;




Diagnóstico
Atualmente a maior parte dos tumores de próstata são diagnosticados através de exames de rastreamento (screening) realizados através de coleta de exame de PSA e toque retal. Ou seja, a maior parte dos homens não aprsentará qualquer sintoma da doença. Após uma suspeita devido a uma alteração no toque retal ou elevação de PSA, o exame que confirma ou descarta a presença de neoplasia na próstata é a biópsia de próstata. Este exame é feito por urologista ou radiologista treinado e embora com baixa taxa de complicações, não é livre de riscos, principalmente infecções.
Após o diagnóstico através de uma biópsia, o paciente passa por exames chamados de estadiamento, onde será verificada a extensão local da doença bem como a possibilidade de metástases em outros órgãos. Exames comumente realizados são tomografias ou ressonâncias, bem como cintilografias ósseas. Atualmente utiliza-se com certa frequência a avaliação local da próstata com o uso de ressonância nuclear multiparametrica da próstata (sigla em inglês mpMRI). Neste exame, varias sequências são realizadas com ótima taxa e identificação de tumores clinicamente significantes da próstata.

Tratamento
Na doença localizada (quando não ha presença de metástases), existem varias opções que novamente devem ser discutidas com detalhes já que cada uma delas apresenta riscos e benefícios e podem ser melhor aceitas por determinados tipos de pacientes. Em resumo, não ha um tratamento padrão para todos os pacientes com doença localizada de próstata e cada um deve decidir auxiliado por seu medico qual tratamento seguir.
De modo geral os tratamentos para o câncer de próstata localizado são: cirurgia, radioterapia, terapias ablativas e vigilância ativa.

Cirurgia: a cirurgia para câncer de próstata envolve a remoção da glândula prostática, tecido circundante e alguns gânglios linfáticos. A próstata inteira deve ser removida para ter certeza de que as células cancerosas não serão deixadas para trás. Este procedimento é chamado de prostatectomia radical. Esta cirurgia pode ser realizada através de técnica convencional (aberta: abdominal ou perineal), laparoscópica (videocirurgia) ou ainda com a utilização da técnica robótica. Atualmente considera-se que as três técnicas são adequadas e possivelmente a experiência do cirurgião com cada técnica faça a maior diferença do que a técnica propriamente dita. Todas as técnicas cirúrgicas apresentam riscos de impacto em qualidade de vida, principalmente de alteração de função sexual (impotência) e controle de urina (incontinência). Este risco pode variar conforme o caso e o tipo de cirurgia.

Quais são as minhas chances de cura com a cirurgia?
Se o câncer estiver confinado à próstata, a possibilidade de cura apenas com a cirurgia, em 10 anos, é mais que 90%.

Radioterapia: a radioterapia consiste em tratar localmente o câncer de próstata através de um feixe de raios aplicados diariamente ao longo de 4 a 6 semanas, podendo ou não ser associada ao uso de bloqueio hormonal por período determinado. Esta energia possui capacidade de destruir ao longo do tempo as células tumorais e também apresenta ótimo controle da doença. Embora o impacto imediato em potencia e continência sejam menores que com cirurgia, ao longo dos anos, os efeitos se igualam e pacientes submetidos a radioterapia ou cirurgia referem qualidade de vida similar. Um efeito indesejado e particular da radioterapia são alterações inflamatórias que podem ocorrer em órgãos próximos devido a também receberem algum grau de radiação, são eles a bexiga e o reto (intestino) que podem evoluir com quadros conhecidos como cistite actínica e retite actínica. Embora cada vez mais raros devido a grande evolução nas técnicas de radioterapia (3D, IMRT, IGRT, braquiterapia), estes efeitos ainda ocorrem em pequeno grupo de pacientes que podem ter importante impacto em qualidade de vida.

Vigilância ativa: tradução livre do inglês “active surveillance”, este protocolo consiste em não realizar nenhum tratamento neste momento, seja ele cirurgia ou radioterapia, apenas acompanhando o caso com controle de PSA e novas biopsias de próstata no futuro. Utilizada geralmente para casos considerados de baixo risco (estratificados com base no PSA, Gleason e toque retal), esta conduta tem como objetivo evitar o tratamento de vários casos que apesar de serem intitulados “câncer”, não teriam nenhum potencial de causar qualquer problema ou impacto em qualidade de vida devido ao seu crescimento muito lento. Boa parte destes paciente no entanto serão tratados no futuro caso novos exames demonstrem progressão da doença.